sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Brasil e a desordem musical





















Cá estou eu no meu quarto, quando ouço vindo da rua uma voz de criança repetindo esse refrão: “Eu mato ela, eu mato ela, se tentar roubar meu marido, eu mato ela”. Num misto de surpresa, horror e curiosidade fui até a varanda. Olhava para a menina e pensava, quantas outras haveriam por ai afora sendo embaladas por aquela canção. Entrei e digitei no Google as frases que acabara de ouvir. Trata-se da música da banda “Black Style” de nome “Eu mato ela”. Com medo, apertei o “play” no YouTube. Difícil foi ouvir até o final. Ao terminar, nem deu tempo eu me recuperar quando comecei a ler os comentários: “dahora”, “doreiiiiii”, “eu mato mesmo”, “massa, sou fã” e dezenas de outros, alguns irreproduzíveis. Música é definida como forma de arte, combinação de sons e ritmos. Todas as civilizações possuem suas manifestações musicais. É inerente à humanidade. Música é expressão, comunicação, linguagem. Pode ter um apelo político, um protesto, uma critica ao sistema. Falar de amor, enfim. Das canções de ninar a marcha fúnebre, a música nos acompanha. E eu me pergunto qual a ideologia de uma música com esse teor? Qual sua intenção? Para mim, é muito claro que esse conteúdo é um incentivo a violência, a agressividade ao crime. A música em si, exerce uma influência na vida das pessoas. Contribui com a formação da personalidade, influi no comportamento e interfere no humor. Podendo nos levar à calma, relaxamento, paz. E o contrário também acontece. Pode nos levar à agitação, inquietação e euforia. Essa questão vai além da “Lei anti baixaria”. É preciso mais que um projeto de lei que impeça que verbas públicas sejam usadas para contratar ou patrocinar eventos de grupos musicais com repertório que desvalorize a mulher e incentive a violência e o crime. Porque a disseminação da música continuará existindo por outros meios. O problema não é restringir aqui ou ali. A música exerce um poder muito grande devido a sua forma de propagação, como se proteger de ondas sonoras? Como não consumir algo que estar no ar? Que adentra os ouvidos sem pedir licença. Somos tomados de reféns. E nos tornamos consumidores: ativos ou passivos. E as pessoas mais vulneráveis, crianças e jovens, precisam ser protegidos. Porque, ainda que os pais e responsáveis tenham o cuidado de selecionar o que eles ouvem em âmbito doméstico. É impossível impedir que isto ocorra. Porque estamos cercados de sons o tempo todo. Daí a necessidade de intervenção do Estado na indústria da música no sentido de filtrar letras com esse conteúdo maléfico que tanto influencia de forma negativa no comportamento de jovens e crianças. É inadmissível que esses “artistas” e produtores se prevaleçam do argumento de liberdade de expressão e continuem infectando a sociedade.







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